Mal et modernité

Dans Federico Sanchez vous salue bien (Grasset, 1993), le grand romancier espagnol Jorge Semprun se remémore, sous forme romanesque, son expérience en tant que ministre de la Culture de son pays. Entre 1988 et 1991, l'ancien résistant communiste, rescapé de Buchenwald, est projeté dans le dédale du pouvoir de l'Espagne démocratique. On suit ses premiers pas parmi les politiciens expérimentés et, parfois, cyniques, qui lui tendent des chausse-trapes : mais l'écrivain a toujours le dernier mot, lui qui relate les coulisses du pouvoir. Les anecdotes sont l'occasion de réflexions sur les petitesses et les grandeurs de la politique, mais aussi d'une introspection émouvante de la part d'une grande conscience du XXe siècle. Ecrit en français avant d'être traduit par l'auteur dans sa langue maternelle, Federico Sanchez vous salue bien mêle les genres : roman, bien sûr, mais aussi chronique, autobiographie, essai. Il est avant tout une méditation pleine de franchise sur le pouvoir. Grâce à sa prodigieuse combinaison de détachement et d'érudition, nous pénétrons dans la complexité de ce qu'est l'engagement politique. Le bilan intellectuel d'un demi-siècle de lutte pour la justice et la liberté.

Federico Sanchez vous salue bien

Vingt ans et un jour est la peine que la justice franquiste réservait aux dirigeants politiques de l'opposition clandestine. Jorge Semprún nous offre, sous ce titre, le portrait intime d'une Espagne toujours meurtrie par la guerre, mais qui rêve d'avenir et de réconciliation. Plusieurs récits - plusieurs histoires - conduiront le lecteur à l'intérieur d'une surprenante nébuleuse romanesque et théâtrale où les apparences sont toujours trompeuses et où le narrateur même s'avance masqué.

Vingt ans et un jour

Deportado em Buchenwald, membro de uma das redes da Resistência, dirigente dos comunistas espanhóis do campo de concentração, Jorge Semprún foi libertado pelas tropas de Patton em 11 de Abril ele 1945. Este relato, frio de obsessões que se repetem como os temas de uma rapsódia de pesadelo, mostra como foram precisos quinze anos para aceitar reviver.O estudante do liceu Henri IV, o laureado do concurso geral de filosofia, o jovem poeta que conhecia todos os intelectuais parisienses, descobre em Buchenwald o que não foi dado conhecer aos que não estiveram nos campos de concentração: viver a sua própria morte. A certa altura acreditou que poderia exorcizar a morte através da escrita. Mas escrever fazia reviver a morte. Na fuga a esse círculo vicioso, será auxiliado por uma mulher, claro, e talvez também por um objecto bem prosaico: O guarda-chuva de Bakunine conservado em Lucarno.Neste turbilhão da memória, mil cenas, mil histórias. tornam este livro sobre a morte um livro cheio de vida. Semprún poderia ter-se contentado em escrever recordações, ou um documento. Mas produziu de facto uma obra de arte, onde jamais se esquece que Weimar a pequena cidade de Goethe, fica a poucos passos de Buchenwald.Excerto:«La Paloma»"Esta história da Paloma surgiu-me, assim, sem contar. Mas recorda-me algo de que não me lembro. Recorda-me, pelo menos, que me devo lembrar de qualquer coisa. Que poderia lembrar-me, se me esforçasse um pouco. La Paloma? O começo da cantiga vem-me à memória. Por estranho que pareça é em alemão que me lembro desse começo. Kommt eine weisse Taube zu Dir geflogen... Digo entredentes o começo de La Paloma em alemão. Agora já sei de que história me poderia lembrar. Lembro-me realmente, a bem dizer, deliberadamente. O alemão era jovem, era grande, era louro. Era absolutamente conforme ao ideal alemão: um alemão ideal, em suma. Tinha sido um ano e meio antes, em 1943. Era Outono, para os lados de Semur-en-Auxois. Numa curva do rio havia uma espécie de barragem natural que retinha a água. A sua superfície estava, naquele local, quase imóvel: espelho liquido sob o sol de Outono. A sombra das árvores movia-se sobre esse espelho de estanho translúcido.O alemão apareceu no cimo da margem, de motocicleta. O motor ronronava suavemente. Meteu pelo caminho que descia até à água.Nós estávamos à espera dele, Julien e eu.Quer dizer, não estávamos à espera daquele alemão, precisamente. Daquele miúdo louro, de olhos azuis. (Atenção, estou a inventar. Não lhe pude ver a cor dos olhos naquela altura. Só mais tarde, quando estava morto. Mas tinha todo o ar de ter olhos azuis.) Estávamos à espera de um alemão, de alemães. Quaisquer uns. Sabíamos que os soldados da Wehrmacht se tinham habituado a vir em grupo, ao fim da tarde, refrescar-se naquele sítio. Tínhamos vindo, Julien e eu, estudar o terreno, ver se seria possível montar uma emboscada com a ajuda dos maquis dos arredores.Mas aquele alemão parecia estar sozinho. Nenhuma outra motocicleta, nenhum outro veículo tinha aparecido atrás dele no caminho da margem. Deve dizer-se, também, que não era a hora habitual. Estávamos a meio da manhã.Desceu até à beira da água, apeou-se da moto que apoiou no cavalete. De pé, respirando a doçura da França profunda, abriu o colarinho do blusão. Estava descontraído, via-se. Mas mantinha-se vigilante: trazia a metralhadora a tira colo, suspensa da correia que pusera em volta do pescoço.Julien e eu olhámos um para o outro. Tínhamos tido a mesma ideia.O alemão estava sozinho, nós tínhamos as nossas Smith and Wesson. Encontrávamo-nos a uma boa distância do alemão que estava perfeitamente ao alcance das nossas armas. Havia uma motocicleta para recuperar, uma metralhadora.Estávamos escondidos, de atalaia: o alemão era um alvo perfeito. Então, tínhamos tido a mesma ideia, Julien e eu.Mas, de súbito, o jovem soldado alemão ergueu os olhos para o céu e começou a cantar. Kommt eine weisse Taube zu Dir geflogen... Tive um sobressalto, quase fiz barulho, batendo com o cano da Smith and Wesson de encontro à rocha que nos abrigava. Julien fulminou-me com os olhos. Talvez aquela canção não lhe lembrasse nada. Talvez nem sequer soubesse que era La Paloma. Mesmo que o soubesse, talvez La Paloma não lhe lembrasse nada. A infância, as criadas que cantavam na copa, as músicas dos coretos nas praças sombrias das estações balneares. La Paloma! Como poderia não me sobressaltar ao ouvir aquela canção? O alemão continuava a cantar, com uma bela voz loura. A minha mão tinha começado a tremer. Era-me impossível disparar sobre aquele jovem soldado que cantava La Paloma. Como se o facto de cantar aquela melodia da minha infância, aquela cantilena banal cheia de nostalgia, o tornasse subitamente inocente. Não pessoalmente inocente, que o era, talvez, de qualquer forma, mesmo que não tivesse cantado La Paloma. Talvez não tivesse nada a censurar-se, esse jovem soldado, nada, a não ser o ter nascido alemão na época de Adolf Hitler. Como se, de repente, se tivesse tornado inocente de um modo completamente distinto. Inocente não só de ter nascido alemão no tempo de Hitler, de fazer parte de um exército de ocupação, de incarnar, involuntariamente, a força brutal do fascismo. Tornado essencialmente inocente, pois, na plenitude da sua existência, porque cantava La Paloma. Era absurdo e eu bem o sabia. Mas sentia-me incapaz de disparar sobre aquele jovem alemão que cantava La Paloma, a descoberto, na candura de uma manhã de Outono, nas profundezas da doçura profunda de uma paisagem de França. Baixei o cano comprido da Smith and Wesson pintado de vermelho vivo com zarcão antiferrugem. Julien viu o meu gesto e, também ele, baixou o braço. Observa-me com ar inquieto, perguntando certamente a si próprio o que me está a acontecer. Está-me a acontecer La Paloma, é tudo: a infância espanhola a cair-me em cima.  Mas o jovem soldado virou costas, regressa devagar à sua moto, imobilizada no cavalete. Então empunho arma com ambas as mãos. Aponto às costas do alemão, carrego no gatilho da Smith and Wesson. Oiço, ao meu lado, as detonações do revólver de Julien que, também ele, disparou vários tiros. O soldado alemão dá um salto em frente como se tivesse sido brutalmente empurrado pelas costas. Mas é que foi de facto empurrado pelas costas, pelo impacte brutal das balas. Cai a todo o comprimento. Eu atiro-me por terra, com o rosto na erva fresca e bato raivosamente com o punho na rocha plana que nos protegia.— Merda, merda, merda! Grito cada vez mais alto, Julien assusta-se. Abana-me, grita-me que não é boa altura para ter uma crise de nervos: ternos de fugir. Pegar na moto, na metralhadora do alemão e fugir. Tem razão, não há mais nada a fazer."

L'Ecriture ou la vie

A finales de los años sesenta, cinco jóvenes franceses de extrema izquierda militan en la banda terrorista Vanguardia Proletaria. Veinte años después, tres de ellos trabajan como ejecutivos en empresas prósperas ; el cuarto, menos afortunado -o más escéptico-, no ha accedido al poder del dinero y arrastra una existencia incómoda ; y el quinto, Daniel Laurençon, alias Netchaiev, murió hace veinte años -o al menos eso parece- asesinado por sus camaradas en el desesperado intento de sobrevivir a sus propios errores. Hoy, no obstante, un detective meticuloso y obstinado tiene sólidas razones para creer que Netchaiev ha vuelto y que su regreso será sin duda motivo de otras muertes, éstas verdaderas, por lo que emprende una implacable investigación. Además de una clásica novela de acción, ésta es una reflexión sobre los fanatismos ideológicos, el terrorismo y la violencia.

Netchaïev est de retour

Trois mois après son retour de déportation, Manuel (le héros du Grand Voyage), revenant chez lui, en banlieue, tombe évanoui de la plate-forme du train. On le ramasse sur la voie, l'oreille déchirée, commotionné et presque amnésique. Dans l'ambulance qui le reconduit chez lui, à la clinique où on l'endort pour l'opérer, lorsqu'il se réveille, Manuel enchaîne des fragments de son passé. Le narrateur, qui est son double, projette des épisodes de son avenir. On suit ainsi, dans le désordre qui succède à son évanouissement, Manuel à la recherche de lui-même. Un souvenir obsède Manuel et revient comme un leitmotiv poétique : à son réveil, il voit de la neige et du lilas. Il cherche à identifier cette image floue parmi les souvenirs de neige qui défilent dans sa mémoire, mais il ne parviendra que beaucoup plus tard, en 1956, à la replacer dans son contexte avec toute sa force. Fragilité de la mémoire, fragilité des traces laissées par la vie même. Manuel ressent son existence comme une sorte d'évanouissement menaçant. Il essaie, tantôt avec anxiété, tantôt avec détachement, de sentir la réalité des autres et la sienne ; il n'en a vraiment conscience que dans les moments d'intense action de sa vie de maquisard, de résistant torturé par la Gestapo, de déporté au camp, de clandestin en Espagne. Hormis ces instants d'attention privilégiés, il perd parfois conscience de la réalité dans une sorte d'extase dont il lui est impossible de parler.

L'évanouissement

«... Dans le brouhaha de la boîte de jazz, dans la fumée des cigarettes, nous avions levé nos verres et trinqué à la santé de Walter Bartel. - Rotfront ! s'était écrié Jiri Zak. Et je lui avais répondu : - Rotfront ! Front rouge ! C'était le salut des communistes allemands, autrefois, à l'époque sectaire et exaltante, misérable et glorieuse, de la lutte finale et du mot d'ordre apocalyptique : classe contre classe ! Beaucoup plus tard, alors que nous commencions à devenir pâteux - mais la musique était à chaque instant meilleure, plus maîtrisée et plus sauvage à la fois -, Jiri Zak s'était penché vers moi, compagnon de mémoire et de beuverie. - Toi qui écris, tu devrais donner une suite au Grand voyage... Il avait dit Grosse Reise, bien sûr : nous parlions en allemand. Il avait lu mon livre en allemand. - Tu devrais raconter la nuit au Revier, à côté de ton Musulman. Tout ce qui va avec...»

Le mort qu'il faut

Mémoires, témoignage, réflexion politique, ce livre n'offre pas seulement une histoire critique du parti communiste espagnol et de toute une génération de militants anti-franquistes.
 Il révèle ce qui, du grand voyage à l'ecriture ou la vie, est une part essentielle de l'oeuvre de jorge sempnin : l'engagement sans faille envers la nécessaire révolte de l'homme qui rend l'art inséparable de la vie, au risque de l'erreur et même de la mort.

Autobiographie de federico sanchez

Dans le salon londonien d'Éléonore Marx, la fille cadette de Karl Marx, hommes politiques et écrivains, amis de la famille, se souviennent du passé et de la vie d'Éléonore, qui déjà et trop tôt touche à sa fin. Ces scènes alternent avec des monologues de la jeune Éléonore, des citations de lettres et des témoignages anachroniques, qui déconstruisent de manière ludique la chronologie et la vraisemblance dramatique. Jorge Semprún fait ainsi le portrait d'une femme contradictoire, à la fois forte et fragile, engagée et désespérée, prise au piège dans un filet d'événements dont les mailles se resserrent.

Mal et modernité

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